Os tristes números

As décadas após a construção da atual rodovia passaram, vendo crescer a população e a quantidade de automóveis em circulação, agora mais potentes. Chegaram as grandes carretas, transportando dezenas de toneladas de carga. A demanda tornou-se excessiva para a rodovia, que permanecia a mesma da década de 1950 e era palco de acidentes cada vez mais graves.
O epíteto de "rodovia da morte" impregnava-se no imaginário coletivo, principalmente entre Belo Horizonte e João Monlevade, trecho de cerca de 115 quilômetros de pista simples e com mais de 200 curvas. Como esse trecho une nas mesmas pistas as rodovias BR-381 e BR-262, o fluxo é quase sempre intenso, o que facilita a ocorrência de acidentes. A maior parte das batidas é frontal, o que aumenta a sua violência e letalidade.
Em fevereiro de 1996, por exemplo, um ônibus despencou de uma ponte em Nova União, matando 31 pessoas. A queda de outro ônibus, desta vez da "ponte Torta" de João Monlevade, mataria mais 19 passageiros em dezembro de 2020. Uma batida entre um carro e um ônibus provocou 30 quilômetros de engarrafamento em dezembro de 2013. Antes, em agosto de 2009, um acidente envolvendo uma carreta com amônia fecharia a rodovia durante 30 horas.
A infraestrutura frágil já deu muitas dores de cabeça aos motoristas. Em abril de 2011, a ponte sobre o rio das Velhas, entre Sabará e Belo Horizonte, teve a sua estrutura comprometida durante meses. Em janeiro de 2022, uma faixa de 100 metros de asfalto estufou-se no quilômetro 321, em Nova Era, e a circulação ficou interrompida durante muitas semanas.
Os números da BR-381 continuam assombrosos. Em 2019, houve 47 acidentes com mortes na rodovia, com 329 feridos graves, 669 feridos leves e 53 mortos. Três anos depois, houve 52 acidentes fatais, com 234 feridos graves, 452 feridos leves e 58 mortos. Entre 2017 e 2022, houve 336 acidentes com mortos, que fizeram 1.783 feridos graves, 4.193 feridos leves e 441 falecidos. Já entre novembro de 2022 e outubro de 2023, 159 cidadãos perderam suas vidas em acidentes na “rodovia da morte”.